“Vá brincar lá em cima. Agora estamos falando de coisas de adultos”. É assim que o simpático Max Sandor, de 60 anos, explica para seu neto Anthony, garoto de olhar convidativo e portador da curiosidade de um alfabetizando, que ali, naquela oca de telhado de sapé e paredes de concreto e de vidro, se trataria nas próximas duas horas e meia de uma construção da desconstrução que ele, Max, se esforçaria em explicar ao jovem repórter sentado diante de ambos.
A oca mencionada fica na propriedade de Max, um sítio localizado em São Roque, município a sessenta quilômetros de distância da capital paulista. Curiosamente, o alemão Max, que nascera em Berlim e já havia morado por duas décadas na Califórnia, Estados Unidos, escolhera morar em São Roque, cidade batizada em homenagem ao santo comumente visto nos altares das igrejas católicas ao lado do cão que lhe lambe as feridas no joelho. Digo que essa escolha é curiosa, já que Max, apesar de gostar de cachorro e possuir dois em seu sítio, não é católico, cristão ou qualquer outra denominação que se possa vir à cabeça de alguém que quer responder à pergunta: em que você acredita?
Como me faltassem ideias para definir suas crenças, lancei-lhe logo de cara a pergunta supramencionada, ao que fui rapidamente atendido: “O meu princípio é de não acreditar em nada!”
É claro que dessa réplica veio o susto de pensar em como a entrevista que ali se seguiria poderia garantir sua publicação nesta Babel, reservada às searas de pessoas portadoras de histórias atraentes sobre seus credos e crenças. Mas é também claro que, instantaneamente, deu-se a epifania de que alguém cujo princípio é não crer em nada, ainda mais alguém tão ímpar quanto Max, seria o contraponto sine qua non para a veiculação desta revista universitária.
A árdua tarefa de determinar o entrevistado
Max Sandor é alguém de impossível qualificação. Apesar de sua compreensão de que faz parte do Jornalismo qualificar seus personagens, diz ele que qualquer dos títulos que lhe fossem atribuídos não seriam capazes de defini-lo. Para ele, “isso tudo é limitação, é título de um determinado clube com o seu dogma”, explica.
Até mesmo sua esposa, Heloísa Helena de Almeida, que depois de alguns minutos também se juntou à nossa conversa, pediu para que não fosse qualificada nesta reportagem.
O que tinha diante de mim não era, obviamente, um casal de pesquisadores (esta aí uma qualificação!) arrogantes que tentavam dificultar o meu trabalho. As pesquisas desenvolvidas por Max e Heloísa certamente transcendem os significados de quaisquer palavras, não porque contenham uma magia específica, mas sim por causa do que está nos significados das palavras. “A língua é uma armadilha”, reflete Max, “ela é incapaz de representar a verdade. O que ela consegue é somente apontar as coisas”.
Assim fica explícita a dificuldade em dizer se eles são matemáticos, engenheiros (Max é graduado em Matemática e Engenharia e tem um PhD em Inteligência Artificial- Computer Science), terapeutas, psicólogos ou pesquisadores. Embora tenham dedicado seus estudos e práticas a essas áreas do conhecimento e atividades humanos, assim defini-los seria “cair nas armadilhas da língua”, como Max se explica.
A seara percorrida pelo berlinense que decidiu se mudar para o Brasil
Passadas essas “dificuldades” do contato inicial, era hora de saber o que trouxera Max ao Brasil. Se eu caíra na armadilha linguística de tentar definir a ele e a sua esposa, uma nova arapuca estava montada no meu raciocínio. Me parecera óbvio ou, pelo menos, circunstancialmente lógico, que uma pessoa defensora do princípio do não acreditar viria ao Brasil, terra do pluralismo religioso e do sincretismo de credos, pois aqui encontraria material de estudos de sobra, crentes e crendices sem número à sua disposição.
Isso porque Max também já me contara que é procurado pelas pessoas para que, através de seu trabalho, sejam desfeitas as suas crenças. “Vêm até mim pessoas que já passaram por todas as religiões” e como não encontrassem a provável “verdade” pela qual procuravam, a última alternativa seria o especialista que desfaz essas crenças. Mercadologicamente falando, minha pressuposição acertava em cheio!
A explicação que procedeu a essa minha pressuposição não a contemplou. De fato, Max confirma que no Brasil há essa variedade de crenças, mas seu contato com a nação tupiniquim ocorrera pela primeira vez em 1998, quando participou aqui de seminários e de palestras.
Desse primeiro contato, Max diz ter começado a aprender Português vendo o trabalho dos tradutores. E desde 2007, quando aqui se instalou, diz que começou a tomar certo amor pelo nosso idioma.
É claro que Heloísa tem sua fatia de responsabilidade na vinda de Max para o Brasil, mas para ele, nosso povo tem uma certa característica que lhe é específica, que consegue unir liberdade e tolerância com fanatismo, o que certamente tem parte no seu interesse.
Os problemas da Ciência e das definições
A primeira coisa que ficou estabelecida em nosso diálogo a respeito da definição sobre a presença ou ausência de crenças é que definições, per se, Max não seria capaz de dar. Como já vimos antes, para ele, não é possível se definir algo. Falta alguma coisa no idioma e em nossa percepção do que está ao nosso redor que nos impossibilita de definir até mesmo aquilo em que acreditamos.
Isso posto, Max revela os cuidados que se deve ter na atualidade com a Ciência. Para ele, a Ciência Moderna tem cada vez mais assumido um posicionamento de Religião. “Ela tem um dogma, hierarquia, até excomunhão a ciência tem!”. E deixar que Religião e Ciência se confundam é precisamente o que Max não gostaria que acontecesse.
A verdade do Mundo, para Max, é algo que não existe. A existência da verdade ocorre somente no plural. E como as verdades são inúmeras, Max acredita que a Humanidade precisa ainda aprender a ter a “coragem e a honestidade” de assumir que existem verdades que ainda escapam de seu conhecimento. “Quando eu não sei, eu não sei. E preciso dizer: não sei”, brinca Max com a repetição de palavras, talvez a fim de enfatizar o assunto.
Para ele, já passou da hora de a Humanidade parar de fazer pretensões em cima das coisas que desconhece. Fica até mesmo difícil saber se conhecemos ao menos alguma coisa, pois segundo sua linha de raciocínio, são inúmeras as camadas de verdade que constituem o pleno conhecimento.
Mas supondo que se dê pra conhecer e saber algo, o seu oposto, o desconhecimento, precisa ser encarado com maturidade. E exemplifica com, talvez, o maior dos assuntos: “Há coisas que não dá pra se saber, como Deus, por exemplo”.
Apesar da complexidade que o assunto carrega, Max é defensor da clareza pela economia de palavras. Aluno de Adorno, ele diz que a Comunicação se otimiza ao se escrever o mínimo. Seu poder de síntese certamente contribui para os tradutores que devem transformar seus textos (presentes em www.maxsandor.com) em outros seis idiomas. “O que eu escrevo são procedimentos, processos e exercícios mentais. Qualquer erro de tradução pode ser fatal”.
Em que consistem esses procedimentos, processos e exercícios mentais
Max e Heloísa dizem que as pessoas os procuram depois de terem buscado as respostas de seus questionamentos nas religiões existentes no mundo inteiro. E isso não é generalização: Max promove atendimentos individuais via Skype, atualmente, para pessoas nos Estados Unidos, na Itália, no Japão, na Rússia e na Tailândia.
E como não tivessem encontrado as respostas para suas crenças, livrar-se delas é o que lhes é proposto. O que é algo razoável, mas não de fácil e instantânea solução: “Os clientes vêm até nós para eliminar as crenças, ‘memes’ e ideias, o que é difícil, é algo de dentro da estrutura do pensamento, da comunicação constante das mídias”.
De acordo com Max, o estado em que os clientes o procuram é de verdadeira exaustão em relação às religiões. E se ele se recusa a tecer quaisquer comentários em relação a essas religiões, Max não tem receio algum em dizer que elas “constroem modelos mentais a serem derrubados”.
Para esses sistemas de crenças, Max diz se posicionar como um construtivista à maneira radical. A ideia é desconstruir mesmo, “detonar certos modelos mentais”, para que, depois de um período de tempo, se possa voltar à construção desses modelos da maneira correta.
Em todos os efeitos, a desconstrução sistemática, por inteiro, que seu Construtivismo visa a operar pressupõe a construção de um novo modelo que, para ele, é uma aproximação da realidade. Ou seja, mesmo reconstruído fora do esquema de crenças, tal modelo jamais será capaz de representar com acuidade o que é a realidade.
Quem não acredita não tem medo!
A grande dúvida que vem à mente quando se começa a acostumar com a ideia de não se acreditar nas coisas é se ainda existiria no Mundo o medo. Ainda mais, se continuariam a existir pessoas com medo da morte, por exemplo. E não havendo mais o medo, como se configuraria o Mundo em que ninguém pode utilizar-se dele como dominação de uns pelos outros através de chantagens.
A esse respeito, Max tem a dizer que não é capaz, de cara, de dizer se um determinado medo, como o da morte, é um medo sozinho ou um conjunto de vários medos. Mas é seguro em afirmar que o medo da morte nada mais é do que “a crença de que uma coisa negativa vai acontecer”. Se todos soubéssemos (portanto, tivéssemos a certeza de) que a consequência é positiva, ninguém acreditaria que fosse ruim e, por isso, ninguém a temeria.
Como a maioria dos casos com que se tem deparado, Max defende que o medo é algo espalhado em camadas e, portanto, não individual, mas transpessoal. E para explicar essa configuração, utiliza a metáfora do floco de neve, que toma proporções até então não imaginadas quando se ajunta a outros flocos, podendo resultar numa grande bola de neve.
Em sendo transpessoal, o medo de um indivíduo pode até mesmo ser o medo do qual ele próprio não compartilha. Pode ser que o medo que alguém experimenta hoje seja o medo de algum ancestral que, após concentrar tamanha energia em sua manutenção, fora capaz de impelir à sua descendência um projeto que a ele pertencia.
Como as coisas seguem seu fluxo energético, Heloísa explica que, grudado nos fluxos presentes na cadeia energética são capazes de se manter outras energias “ou porque elas já aconteceram, ou porque possuem a esperança do vir a ser numa outra geração”.
E aí reside outra defesa da destruição do modelo de crença com base linguística. Se o medo da morte que alguém tem hoje fora o medo de seu ancestral que conseguiu correr pelas gerações, está ai a prova de que até na ausência de fala uma ideia consegue simplesmente se propagar. E se ele se propaga sem fala, não é através dela que se obterá sucesso em eliminá-la.
Só se é capaz de entender quais são os medos e quais as suas qualidades se você for capaz de identificar qual é o modo através do qual seu “meme” se apresenta e se configura.
A verdade absoluta e a aproximação por modelos
A pressuposição da existência de uma verdade absoluta real é, de acordo com Max, o grande alicerce do pensamento Positivista. E isso, na realidade brasileira, é algo muito presente, já que, segundo ele, “o Positivismo escolheu o Brasil como grande laboratório”.
Distinguindo as dualidades na Ciência, para Max o Positivismo, se por um lado não funciona em sua prática, por outro, apresenta um modelo teórico bastante elitista, que pode, em tese, guinar à corrupção.
Em vista disso, ele defende que no ambiente corrupto das realidades do Mundo atual, essa elite consegue manter consigo a força e prejudicar aos demais: “Quem não tem o respeito com a verdade não se importa com o sofrimento dos outros!”, afirma.
Para Max, um dos grandes problemas que existem nas crenças é a sua capacidade, comprovada através de exemplos da História, de “produzir guerras, desigualdade, pobreza, polarização extrema, injustiça e um sistema político corrupto no mundo inteiro”.
Outro grande problema das crenças é que, quando se reza, negam-se as responsabilidades da parte de quem diz acreditar e delegam-se a alguém que se torna, logo, responsável. “Se você acredita em qualquer força superior a você, você nega a sua responsabilidade, pelo bem e pelo mal!”. E se o ser humano diz amar a si a ao seu próximo, ele deveria, segundo Max, tomar a sua responsabilidade.
Já bastante conhecedor do povo brasileiro, Max faz questão de ressaltar em relação a essa configuração mundial negativa: “O brasileiro faz pouco valor de si, mas no Mundo inteiro é assim”. Para ele, o Brasil não é modelo único, mas consequência dos problemas que a ética humana passou a enfrentar quando deixou que o elitismo e a corrupção se tomassem conta dela.
Skywork: das configurações geométricas ao atendimento em grupo
A oca em que Max e Heloísa me receberam é, conforme Heloísa gosta de definir, um espaço de atividade multidisciplinar construído na propriedade do casal. É nela que acontece o “Skywork”, modalidade desenvolvida no final da década de 1990 “para pesquisar e ensinar coisas que a língua não é capaz de explicar”, resume o casal.
Tal oca, como já foi dito, é coberta de sapé e sustentada por troncos de árvores. Tendo por fundo os resquícios da vegetação nativa que o interior do estado preserva, a oca teve sua geometria pensada e calculada para que pudesse otimizar as atividades que nela ocorrem. Metade de suas paredes, umas brancas e outras amarelas, são de concreto e a outra metade de vidro. Há também dois recintos adjuntos a estrutura principal, diametralmente opostos um ao outro.
Em seu piso, também amarelado, há dez lâmpadas de diversas cores colocadas sob dez tijolos de vidro, assentados no chão, em representação da “árvore da vida”, da Kabbalah, com dez luzes.
E falando da simbologia das cores, é comum que todos se vistam de branco na realização do “Skywork”. Como é uma técnica de grupo, todos precisam estar vestindo a mesma cor de roupa, já que, como ressalta Max, “é o grupo quem opera”. Já a escolha pelo branco reflete um aspecto climático. Assim como a Califórnia, estado norteamericano em que se começou a desenvolver o a técnica, “no Brasil também faz muito calor”, o que torna o branco uma cor propícia.
Sem contar também que a cor branca é uma facilitadora no momento de construção das conclusões, pois, segundo eles, tal cor evita confusões e pressuposições errôneas. Por uma feliz coincidência, o casal vestia branco quando me recebera, talvez para facilitar a minha compreensão.
O que o método propõe é a imersão pessoal, em grupo, nas energias do mundo para se aprender coisas sem se utilizar os pensamentos lógicos presentes nas leis do Universo. Em vez de se negar os sistemas de crenças para desfazê-los, o que o grupo faz é tentar olhar para as verdades sem que se necessite dos modelos disponíveis, dentre os quais, a própria língua.
Como a língua serve de duplicador dos modelos que o indivíduo cria pra si, o “Skywork” busca chegar a uma solução sem que se precise falar as coisas, mas sim pela configuração geométrica e estrutural a que o grupo chega depois de orientados pelo guia (papel ocupado na maior parte das vezes pelo próprio Max).
Cada uma das sessões de “Skywork” apresenta uma pauta, uma superação de modelos a ser feita. Tal método busca ser palco da imersão nas camadas profundas de cada ser a fim de compreender quais são as interações, sejam elas psicológicas, comportamentais, econômicas, entre outras, e destruir os modelos ali vistos como problemáticos.
Cada sessão é, basicamente, a pesquisa de qual a verdade que se configura como um problema para um dos membros ali presentes (o que não exclui a possibilidade de que mais pessoas estejam passando pela mesma situação, já que no Universo, os padrões das estruturas de pensamento não são individuais, mas sim compartilhados).
O que acontece é como uma dança das pessoas que, através da angulação de seus corpos realizam a mudança no fluxo das energias ali presentes. O indivíduo que ocupa o papel de observador é colocado de fora do grupo a fim de observar à distância necessária a configuração de energia e de posição tomadas pelas pessoas atuantes.
E Max faz um novo trocadilho com as palavras: “O problema do problema é quando não se vê o problema!”, demonstrando que, quando se vê qual é o assunto em questão, ele desaparece, ele deixa de existir naquele fluxo de energia que as pessoas atuantes no “Skywork” criam de acordo com a posição de seus corpos em relação aos demais participantes e à energia das luzes de dentro da oca.
Para explicar a necessidade do distanciamento do observador proposto pelo guia, Max sintetiza: “O problema fundamental que os filósofos há tempos observaram é que o observador é incapaz de observar a si mesmo. É como a câmera de filmar, que filma tudo, menos a sua própria película”.
Os resultados do “Skywork” não são únicos. Como são plurais as pessoas que participam, muitos também são os pontos de vista ali presentes. “É um grupo que observa, e de pontos de observações diversos. E o resultado da observação, dentro de um período de tempo necessário para que a ele se chegue, é a resultante dos pontos de vista”, relata Heloísa.
Dessa resultante dos pontos de vistas, admite o casal, o “Skywork” estabelece um gancho num padrão externo universal, tal como o faz a Religião. Etimologicamente, religião é religar-se a uma fonte num ato de transcendência.
A diferença, entretanto, se estabelece, pois a técnica faz tal gancho de modo temporário, efêmero, num determinado fragmento de tempo, que é o tempo ideal do grupo, bem como se desvencilha das armaduras e armadilhas oferecidas pela linguagem. “O ‘Skywork’ é uma parte boa da demonstração dos usos da epistemologia Construtivista na compreensão além das estruturas linguísticas”, mas deve ser realizado continuamente, pois se parar num resultado, volta a ser crença.
Concluindo a respeito do papel do método desenvolvido naquela oca, o casal afirma que “refazendo continuamente o modelo inteiro do Mundo se consegue lutar contra todo tipo de dogma, causando a morte da religião verdadeira”.
E ressaltam ainda a principal falha do modelo religioso ao tentar-se religar ao transcendental: “A crença, usada de modo inteligente, serve e é até necessária para uma primeira fase do processo. Mas ela deve ser superada exatamente por sua complacência, por utilizar-se da armadilha que consiste em dizer que tal coisa é verdade e parar nesse estágio”.
Os outros elementos da Oca: seus “habitantes”
Durante a explicação acerca da composição de pessoas e de energias no “Skywork”, não se poderia deixar de notar naquele ambiente elementos à primeira vista estranhos: duas carrancas de madeira, cada uma com seus meio metro de altura, perfiladas uma ao lado da outra, e, na parede, uma peça daquelas de arte dos povos Ameríndios pré-Colombianos.
Questionado a respeito da composição desses elementos na Oca, o casal esclarece que tais peças não participam das sessões de “Skywork” como elementos de idolatria, mas que, por consequência da concentração da energia que elas podem vir a adquirir, assumem um sentido estético diferente conforme passa o tempo e presenciam ali as sessões. Afinal de contas, através das mãos dos artistas que as idealizaram, tais peças são personificações das forças presentes na natureza, visualizadas através da expressão artística.
Essas expressões artísticas parecem também contemplar outro ramo dos estudos de Max, que é um dos maiores conhecedores do Ifá, um sistema de 256 energias e 601 arquétipos (ou padrões humanos) estudados como ciência empírica de observação matemática dos padrões existentes na natureza e no comportamento humano.
E das observações do comportamento humano, Max introduz em nossa conversa, a título de curiosidade, a função desses arquétipos na existência do ser humano. Segundo ele, se você é capaz de traçar o arquétipo de um indivíduo, o que é o mesmo que dizer qual seu o orixá, você será capaz de determinar as pessoas e as coisas de que ele irá gostar, seus hobbies, preferências espirituais, seu esporte favorito e tantas outras coisas realizáveis “no mundo mundano”, finaliza Max, em mais um dos seus truques com o idioma que aprendeu a amar.
De acordo com Max, as sequências de energia presentes no Ifá são as mesmas verificadas nas Ondas de Elliott, sistema que compreende às coincidências dos padrões numéricos presentes nas ocorrências de manchas na superfície solar, no comportamento humano e, de se pasmar, nas variações da cotação do dólar.
A transposição destemida do discurso destemido à folha de papel
Preocupado com o desenlace que aquele assunto de gente adulta pudesse estar tendo na Oca, Anthony voltou para nos prestar a sua visita. Perguntado sobre como se escrevia seu nome (como se eu pudesse imaginar que ele fosse fazer parte desta reportagem), o garoto gentilmente dispôs-se a escrever seu nome em letras de forma, provavelmente, as únicas que já tenha aprendido, no meu bloco de anotações.
Diferentemente de seus avós, Anthony sim sabe como se definir. Faz questão de ser qualificado como mestre da comunidade dos vampiros. (Se ele perguntar a algum de vocês, por favor, confirmem que seus caninos crescem com a Lua cheia, ok?!)
Na despedida, achei que seria um gesto nobre de minha parte, diante do tempo e atenção ali despendidos pelos entrevistados, dizer que tomaria o cuidado necessário para que o que me fora dito chegasse a esta revista de modo coerente com o discurso que construímos em cima de nossa entrevista. Surpreso fiquei novamente, quando Max me respondeu: “Você não precisa ter medo, porque jamais conseguirá dizer a verdade!”.
Mal sabe ele o quanto isso conseguiu me assustar.
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