Ali na Mooca tem um bando de loucos
Tradicional bairro de São Paulo conta com manicômio a céu aberto. Ele fica na rua Javari, é composto por torcedores fanáticos do Juventus, que juram não ligar para títulos e odeiam o ‘futebol moderno’
Por Matheus de Souza - Edição Acredito - dezembro de 2012

O Corinthians levou quase 102 anos para conquistar o título da taça Libertadores da América e tirar de si o peso de um fardo que carregava há anos. O país parou para ver o jogo final contra o Boca Juniors no Pacaembu, um fenômeno que apenas o estrondoso sucesso da novela global “Avenida Brasil” foi capaz de superar neste ano.

Para o Juventus, final de Libertadores e último dia de novela é todo jogo. Para os torcedores desse tradicional time enraizado no charmoso bairro de tradições italiano-operárias que é a Mooca, clima de final de Libertadores e de suspense para saber que fim teve a Carminha, é todo dia. Para isso, basta que o time de uniforme grená esteja disputando algum campeonato. Ou nem isso, visto que os jogadores muitas vezes não colaboram e a equipe passa boa parte do ano sem nenhum jogo oficial no calendário. Caso que aconteceu este ano, quando o time foi eliminado da Copa Paulista ainda na segunda fase do torneio, em setembro, e o próximo jogo a disputar será apenas em janeiro de 2013, já pela série A2 do Paulista.

Uma torcida que não vive de títulos, pois se vivesse ninguém mais estaria vestindo a camisa do Juventus, um clube que nos últimos quinze anos conquistou uma série A2 de Paulista em 2005 e uma Copa Federação Paulista em 2007 – torneio de pequena expressão que garante vaga para a Copa do Brasil. Não são muitos torcedores: o famosos estádio da rua Javari comporta no máximo quatro mil pessoas e, quando o time está em boa fase, são vistos por lá três mil juventinos. Mas são fieis. Nem gostam dessa palavra, praticamente patenteada pela torcida corinthiana. São seguidores, de uma religião cuja crença e princípio fundador permanecem inabaláveis: o amor pelo Juventus.

 

Momentos de glória

“Bola levantada na área aos 48 minutos do segundo tempo, por Elias, aquele que depois faria sucesso no Corinthians. Na entrada da área, a bola quica dali, quica de cá, sobra para o zagueiro, que meio desajeitado manda para o gol. Foi ali na nossa cara e a gente nem acreditou que a bola entrou, demoraram uns dois segundos para a ficha cair. De repente um olha para o outro e “ahhhhh” uma avalanche toma conta da arquibancada, um pisoteando o outro, um verdadeiro formigueiro humano. Foi o maior grito de gol que já ouvi na minha vida, era algo que estava engasgado há muito tempo”.

O Juventus ganhara o primeiro jogo da final da Copa Paulista de 2007 contra o Linense, em Lins, por 2 a 1, e pelo regulamento da competição podia perder a segunda partida por até um gol de diferença. E saiu ganhando, com gol do próprio Elias, mas levou uma virada incrível, com o terceiro gol do rival marcado aos 45 minutos do segundo tempo. Muita gente não acreditava no que estava acontecendo, em dose dupla. Primeiro, pelo fato de o Juventus estar ganhando um título, em casa, jogando bem, com estádio lotado e festa na Mooca. Depois, por ver o sonho indo por água abaixo de uma hora para a outra.

É com aquela descrição empolgada que Henrique “Miojo”, 23 anos, 16 na época, lembra até hoje daquele título. “Ver os caras gritando campeão na sua casa, tirando sarro daquele jeito, não dava para engolir. Aí ver aquela bola quicando e entrando no gol, nossa, me arrepia até hoje, não tem como descrever a sensação. Fiquei uns dois anos falando só daquele jogo. O pessoal vinha na minha loja e perguntava “como foi o jogo, Miojo”? e eu não cansava de repetir as histórias”, recorda Henrique, com os braços arrepiados.

Miojo é o apelido que ganhou por ter os cabelos, hoje raspados, enrolados, lembrando um macarrão instantâneo. Com apenas 23 anos o jovem tem um espírito empreendedor que começou há quase 10 anos, em 2003. Ele é proprietário da “Camiseteria de Mooca”, loja situada na mesma rua Javari do Juventus e que vende apenas produtos do time, principalmente camisas, mas também chaveiros, souvenirs e em breve squeezes e chinelos. A ideia é expandir a loja, que hoje não conta com mais do que seis metros quadrados, tanto em tamanho quanto em diversidade de produtos. Uma parceria com o vizinho já está sendo firmada e com isso a loja terá quatro vezes o tamanho atual e os produtos não ficarão mais abarrotados em estantes.

“Comecei de forma totalmente amadora. Tinha 14 anos quando comprei 20 modelos básicos de camiseta, da cor grená, fiz uma tela, fiz o silk-screen, fiz a estampa eu mesmo e vendi para 20 amigos. Aí o pessoal gostou, contou para outros amigos e deles foi se multiplicando. Então corri atrás de fornecedor, que tingia para mim, e fiquei com ele até 2007. Em 2008 passei a comprar o tecido, cortar, costurar, estampar e trazer aqui para vender. Hoje tenho uma confecção no sul de Minas, com cinco pessoas trabalhando só para mim e há um mês comecei a vender pela internet, com clientes do Sul e de Minas”, conta Miojo.

Miojo aliou a paixão com a visão empresarial, apostando num nicho de mercado que poucos botariam fé: o Juventus. Após fazer um curso técnico de Marketing apenas para “conhecer gente interessante”, ele viu que queria mesmo é ficar com a loja. O que ele mais escuta são pessoas espantadas perguntando como ele consegue sobreviver assim, visto que a loja é sua única ocupação. A própria família sempre achou melhor ele largar as camisetas e ir estudar, que isso não o levaria a nada.  Aos incrédulos, ele tem a resposta na ponta da língua: carisma. Segundo o rapaz, o Juventus tem uma torcida pequena, mas conta com um enorme carinho de toda a cidade de São Paulo. O famoso “segundo time”. Isso faz saltar o número de potenciais compradores para onze milhões apenas na capital paulista, sem contar fanáticos por futebol espalhados pelo Brasil inteiro, que têm um carinho enorme pela tradição e história do Juventus, como já ficou claro em apenas um mês de vendas online.

Em breve, Miojo estará de mudança da casa dos pais. Isso porque o apartamento que comprou na planta, com seu próprio dinheiro, estará pronto em meados de 2014. Sua nova casa fica a um quarteirão do estádio Rodolfo Crespi – a casa do Juventus – e a dois da loja. Será ainda mais fácil ir ao estádio e trabalhar. Em dia de jogo, ele conta que deixa a loja aberta até uns 15 minutos depois da bola rolando e então vai ao estádio, vê o jogo, e retorna um pouco antes do apito final do árbitro, tudo para não perder clientes. Uma rotina que repete há quase dez anos, tempo no qual ele garante jamais ter perdido um jogo do profissional na rua Javari.

 

Momentos de conversão

“O título de 2007 foi uma demonstração clara e completa do que é ser juventino, foi ali que eu entendi o que é a paixão pelo futebol. Ali eu vi que é preciso acreditar até o final, bem ou mal a coisa vai acontecer. Aquele jogo contra o Linense foi épico, sabe. Na hora que o time levou o terceiro aos 45 minutos do segundo tempo e estava perdendo o título eu pensei ‘ah, vamos baixar a cabeça e ir embora’, mas não, foi a vez que eu mais vi a torcida gritar na minha vida. Aquilo arrepiou de tal maneira quem estava lá que tenho certeza absoluta que os jogadores sentiram e foi determinante para tentar o gol até o último fio de bigode”.

Essa é a descrição de Renato Corona, 31 anos, do mesmo lance de Miojo. É a final corinthiana do Paulista de 1977 para os juventinos. Todo torcedor do Juventus tem a sua história, a sua recordação, o seu momento mais marcante daquele dia 25 de novembro de 2007. Renato fala em ter entendido ali o que é ser juventino, pois antes era corinthiano. Vinha de uma típica família de corinthianos roxos. O pai conta para todo mundo que esteve nas principais façanhas do time, como a invasão ao Maracanã em 1976. A irmã é da Gaviões da Fiel e todo santo carnaval está desfilando no Anhembi.

E assim era a vida de Renato, que jogou nas escolinhas do Timão e entrava em campo de mão dada com os jogadores. Mas sentia que não era aquilo que lhe dava prazer. Até que Renato cresceu e foi fazer faculdade lá na Mooca, não muito longe de sua casa, na Vila Prudente. Cursando jornalismo, arranjou um estágio no jornal do bairro e passou a vivenciar a realidade local muito mais intensamente. E num belo dia resolveu ir até o jogo do Juventus.

“Foi nesse dia que a mosquinha me picou. Eu já tinha uma história curiosa com a torcida juventina. Teve um jogo no Pacaembu, Corinthians x Juventus, eu estava do lado do Corinthians, lógico, mas fiquei observando a torcida adversária por alguns instantes e via aqueles moleques cantando sem parar, pulando, o time jogando mal para burro, levando um baile em campo, e os caras ali, eufóricos. Eu pensei ‘que gente maluca’. Mas passou e aquilo ficou gravado. Até o dia em que resolvi ir até a rua Javari e aquela lembrança voltou a minha mente”, conta Renato.

O poder de mudar o jogo e o fato de você não ser mais um são apontados pelos juventinos como diferencial e o que dá prazer em torcer pelo Juventus. “Lembro muito bem desse meu primeiro jogo. Estava empatado em 2 a 2, quando no final o Juventus teve um contra ataque. A bola estava com o meia, que iria lançar para o ponta, que avançado, estava em impedimento. Então escutei alguém da arquibancada berrando ‘para, para, calma, você tá impedido, volta, volta’. O ponta fez assim com o braço, como que dizendo que ouviu e agradecendo, voltou dois passos, o meia lançou, e ele – em posição legal – invadiu a área e de primeira marcou o gol. 3 a 2 e vitória do Juventus. Ali eu vi que a torcida pode sim fazer a diferença”.

Para Renato, num jogo de torcida de massas se você xingar a mãe do juiz ou avisar seu lateral que ele está impedido, ninguém vai escutar: o barulho da multidão é maior. Num jogo do Corinthians, do Palmeiras ou do São Paulo, se você deixa de ir porque está frio ou porque quer sair com a namorada, outro irá em seu lugar e sua presença não se torna mais tão necessária. Já num jogo do Juventus, não. Se você não for ao jogo a sua ausência será sentida. Será uma voz a menos para empurrar o time – e não uma voz em 25, 30 mil, mas uma voz dentre 700, 800. E então em seu lugar outro juventino irá se desdobrar em dois, três, até quatro, quantos forem necessários, para suprir essa falta.

Os amigos de Renato não entendem como ele consegue ser tão apaixonado por um time que não ganha título, sendo que gritar ‘é campeão’ é o clímax de qualquer torcida de futebol. Ele garante que a falta de títulos não incomoda tanto. Não era isso que ele estava procurando no futebol, caso contrário teria continuado corinthiano, comemorado a Libertadores e ansioso para o Mundial no Japão, em dezembro. Renato não se sentia completo. Faltava para ele a dedicação do cara que entra em campo e dá o sangue pelo time. Que não importa o resultado final, se ganhou ou se perdeu, mas se jogou com raça e seu atacante não tirou o pé da dividida, se seu zagueiro não tirou a cabeça numa bola levantada na área. Se não ganhou, foi porque choveu e a bola não estava rolando ou porque o outro time jogou melhor e mereceu. Mas nunca por falta de vontade. Era isso que Renato precisava encontrar no futebol. E foi exatamente o que o Juventus proporcionou para ele há 14 anos.


Momentos de ódio

Tudo o que Renato queria ver e não via no Corinthians tem uma definição usada por todos os juventinos: “ódio eterno ao futebol moderno”. Para quem vê de fora o termo é forte e choca. “Mas como assim, o cara não gosta do futebol moderno, das mega-arenas, dos times milionários, dos craques como o Ronaldo e o Neymar? Não, não gostamos”, diz um enfático Renato. “O moleque de 13 anos só se preocupa em ter a chuteira mais colorida que a do coleguinha, já dá entrevista como se fosse profissional, usa o cabelo igual o do ídolo, só se preocupa com a imagem. Só quer saber de usar o clube como trampolim. Essa modernização está matando o futebol”.

É um “ódio eterno” de mentes com lembranças de um período que não volta mais, de quando o jogador não caia no chão por qualquer faltinha, de quando era permitido levar bandeira no estádio, de quando o ingresso era a preço popular e ao invés de cadeiras havia o concreto, a geral, e o Pacaembu recebia 50 mil pessoas e o Morumbi, 200 mil. O “ódio eterno” é um mantra da torcida juventina e sua origem estaria relacionada com a venda de Ronaldo para o Barcelona, quando a mídia fez todo um estardalhaço em cima da negociação.


Momentos de histórias

Ricardo Pucci, 20 anos, está prestes a completar 100 jogos no estádio da Javari, contabilizando profissional, sub-20, feminino, e toda e qualquer categoria que possa existir no Juventus. Pucci, como é mais conhecido, mantém ainda vários blogs sobre o time. Está sempre atrás das novidades, de quem vai sair, de qual será o próximo reforço, do novo erro da diretoria.

O normal seria Pucci não ter a sua história do título de 2007, afinal, a sua ‘conversão’ se daria apenas em 2008 (era são-paulino antes). Mas todo torcedor juventino que se preze tem que ter uma história de 2007. Então, junto com um amigo, ele revirou o fundo do baú para ter o que contar. Era a Revolução de 1932 em São Paulo. As tropas paulistas contra o exército de Getúlio Vargas. Houve uma grande mobilização de toda a sociedade paulistana empenhada em contribuir com as forças locais. E o Juventus resolveu doar todas as taças que tinha para ajudar o exército a fazer arma. E eis que 75 anos depois a Federação Paulista de Futebol nomearia a Copa Paulista de 2007 como ‘Heróis de 1932’. O campeão foi o Juventus e quem entregou a taça foi um soldado remanescente daquela revolução. “A gente fala que foi a devolução daquelas taças por parte do exército, como uma forma de prestar homenagem. E por ter sido a conquista do jeito que foi, construída daquela forma dramática, tudo se encaixa. Na época ninguém se tocou, mas tempos depois eu com o Sérgio Agarelli nos demos conta disso, revirando um jornal amarelado da época de 32”, diz um Pucci entusiasmado com a teoria que criou.

A ‘conversão’ aconteceu num dia em que ele e o ex-namorado de uma prima estavam sem fazer nada numa tarde, quando resolveram ir até a Javari para assistir a uma partida do Juventus. Depois daquela, foi em outra, e outra e então foi surgindo essa identificação com o Juventus, que desde 2010 iria se tornar fanatismo, obsessão, chegando ao ponto de acompanhar todas as categorias, o feminino, os bastidores do clube, tudo. No dia da entrevista, vestia Juventus. Sua foto de capa no Facebook: ele no estádio.

“Eu já fui o único torcedor na arquibancada. Não tinha nem família de atleta. Era Juventus e Taubaté pelo feminino, no estádio do Nacional, na Barra Funda. Tinha rolado outros jogos antes, aí a hora que começou tinha três torcedores no estádio, que depois foram embora. Até que olhei para um lado, olhei para o outro e não tinha ninguém, eu era a única testemunha presente. Então teve um pênalti para o Juventus e eu gritei ‘cartão, juiz, pô’, e não é que o árbitro ouviu, caminhou em minha direção um pouco e explicou que ‘ela não era a última mulher’ e por isso não amarelou a adversária. Era uma coisa que eu jamais esperava, um juiz me dando satisfações”, conta Pucci.

Pucci vai acumulando histórias curiosas como essa, apesar de nunca ter visto um título, nem mesmo dessas subcategorias. Quando era certo que o time enfim se sagraria campeão, uma derrota no ‘tapetão’ impediu o sonho. Em outra ocasião, um time sub até levantou o caneco, mas justo em um dia que ele não pode ir ao jogo de jeito nenhum. Chegará a hora e vez de Ricardo Pucci ver um título, acredita o próprio, mas será algo soberbo, fora de série, o maior título da vida do Juventus – cuja grande conquista no currículo até hoje é uma Taça de Prata em 1983, o equivalente a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.

O que Pucci não viu de títulos ele carrega de “ódio eterno” em sua coração juventino. Circula o boato há algum tempo que diretores do clube estariam interessados em vender o estádio, alegando que essa seria a única salvação para o time – endividado, sem retorno financeiro, à beira da falência. Ao que Pucci – e todos os juventinos – foram imediatamente contra.  Ele chegou a escrever um comovente texto em seu blog  sendo contra a negociata. Vender o estádio é para eles como vender a alma ao diabo. No caso o diabo são as construtoras, é o futebol moderno, os empresários, a arbitragem, a Rede globo. A alma é a paixão juventina, é a última árvore ainda não desmatada, é o último sopro de futebol não moderno. É o eterno charme da rua Javari.

 

Momentos de pessimismo

“Se o time de futebol do Juventus acabasse hoje, a gente ia brigar, e ia brigar bem, ia juntar todas as nossas forças e acho que iria conseguir reverter esse fim. A gente tem uma relação bem aberta com a imprensa, não acho que os diretores iam querer comprar essa briga, porque o fim do Juventus não é só o fim de um time, é o fim de uma tradição que vem desde 1924, seria o fim de uma parte importante da história da Mooca, da cidade de São Paulo e do futebol, principalmente. O fim do Juventus seria um duro golpe no que existe de resistência hoje ao futebol moderno. Seria a vitória da 9ine, do Ronaldo. Nem que precisasse se acorrentar na frente do clube. Mas eu nunca pensei nisso muito a sério. Acho que ainda tem muito chão pela frente antes desse dia”.

Essa é a visão de Vinícius Hijano, 27 anos, sobre um possível apocalipse. E não estamos falando de 21 de dezembro de 2012, o fim dos tempos no calendário maia. O mundo viria abaixo sobre esses torcedores, que vestem grená, nasceram e moram grande parte na Mooca (os que não moram mais no bairro frequentam-no ao menos em dia de jogo) e comem o cannoli (doce típico italiano) do seu Antônio, a hóstia juventina.

A relação desses torcedores com o Juventus é tão forte que mesmo quando não há relação direta, há indireta. Vinícius trabalha na comunicação do Dante Alighieri, tradicional colégio paulistano fundado por Rodolfo Crespi, que por acaso é também o fundador do Juventus. “Juro que não teve uma relação, pelo menos não direta”, se diverte Vinícius durante a entrevista, no próprio colégio.

Mas as perspectivas do torcedor não são das mais otimistas. “O time tá perrenguendo, há pelo menos cinco anos que briga para não acabar. Falta diálogo da diretoria com a torcida. A Setor 2 (espécie de organizada, mas que não possui CNPJ, nem sede) é tão fanática pelo clube, tem tanta gente importante ali dentro, mas os diretores veem a gente apenas como maconheiros que ficam atrás do gol. A gente sabe o potencial que o Juventus tem para atrair turistas, gente de fora, gerar receita. Mas para isso não precisa construir uma arena multi-uso. Quem vai querer fazer show aqui na Mooca? É longe de tudo, tem trânsito e a Baixa Mooca (região da Javari) está degradada. Bastam algumas reformas pontuais. É isso, não tem segredo”.

Enquanto não ganha títulos, o Juventus coleciona histórias, em sua maioria desagradáveis. Este ano o time conseguiu um feito talvez inédito no futebol: foi eliminado de duas competições de juvenis por inscrição irregular de jogador. Erros primários, básicos, que desnorteiam qualquer torcedor.

Pucci complementa o raciocínio. “A gente vê tanto torcedor de time grande falando que não vive de títulos, mas quando ganha um Brasileiro, uma Libertadores, é a maior festa do mundo. Desculpa, vocês vivem de títulos. E vocês são normais, não tem nada de errado nisso! Eu é que não vivo de título e não sou normal. O torcedor de time grande é acostumado, então vira ‘mimado’ em certo sentido. Eu não posso ser. Se eu falar que o Juventus ganhou um título, pode ter certeza que eu estou falando de uma vitória. Cada vitória é um título. Ainda mais a gente que tá acostumado a passar por cada coisa, como essa dos jogadores irregulares. Duas vezes no mesmo ano. Não dá para entender a tamanha incompetência”.

“O futebol é mais paixão do que jogo, chega a influenciar na sociedade. Então eu não ligo para título. O Juventus pode acabar e com ele ir junto os sonhos e a paixão de algumas milhares de pessoas como eu. Então para mim cada jogo que eu ver do Juventus de agora em diante será como um título, porque representa que o meu time de coração não acabou”, finaliza Vinícius.



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