Não sabíamos em qual esquina parar - eram muitas as opções. Quase todas tinham mulheres de salto, encarando cada carro que passava: as ruas de um bairro da região oeste de São Paulo já sustentam essa fama há anos.
Ao mesmo tempo em que buscavam potenciais clientes, elas não deixavam de lado o receio de serem reconhecidas. Imagina se sua filha, companheiro ou mãe descobrissem? Seria um caos. Muitas delas só entravam naquelas tortas ruas com outra personalidade. É como qualquer profissional que distingue a mesa de trabalho da mesa de bar, com o acréscimo de que, nesta situação, a dupla personalidade é latente até em apelidos, roupas destoantes das usadas normalmente e outras mentiras bizarras. “Não digo meu nome verdadeiro para nenhum cliente. Tem a Juliana que lava, passa, dá risada, estuda e é extrovertida no happy hour. E tem a Judy, que é só negócio”, disse a loira de 28 anos. Com um decote exibindo seios fartos, ela falava com confiança. A Judy apareceu quando Juliana ainda trabalhava em casas noturnas, endereço procurado quando precisava muito de dinheiro. Mas depois que o movimento ficou fraco, decidiu-se pela rua. Hoje, com uma filha de 14 anos, ela sustenta a casa e ainda paga a faculdade de odontologia. Alguns amigos sabem, assim como primos e até o namorado, com quem se relaciona há 13 anos, mas não os seus pais, muito menos sua filha. “E nem quero que ela saiba, não quero que ela venha passar por isso algum dia. Chego em casa e desligo o celular”, conta Juliana.
É o mesmo medo de Aline: que sua família descubra sua real profissão. Negra, magra, cabelo escuro, olhos verdes, 20 anos. Naquelas ruas, era Grazi. “Imagina se estou com meus pais, passeando na rua, e alguém grita meu nome?! Eles iriam perguntar: ‘de onde você conhece esse cara?’”. Pior do que os pais, seria se a filha um dia soubesse. “Se ela souber o que a mãe faz, terá o direito de fazer o mesmo”, disse Aline. Para esconder a verdade, diz trabalhar num buffet - mentira que um cliente fiel de 48 anos, dono de um, ajudou a construir, dando-lhe até uniformes e crahá.
Já Fátima, de 50 anos, tem uma história diferente. No caso dela, a filha é a única da família que sabe. “Minha filha é minha amiga. Um dia ela chegou da escola e me disse: ‘pode falar a verdade pra mim’.” Desde então, a filha encarou o fato e quando conversam, pede apenas para a mãe tomar cuidado. Já o marido nem sequer imagina.
A prostituta Cláudia, de 40 anos, esconde do filho. Ele tem 20 anos e está estudado para passar em medicina na USP - ela consegue enganá-lo porque não vai ao ponto todos os dias. Mas a filha sabe - a única na família. Descobriu cedo, quando tinha então seus 11 anos, depois de saber por meio de uma amiga do colégio. Após contar a verdade, ambas se emocionaram. Hoje, com 22 anos, a filha até já se ofereceu para sustentar a mãe para que saia dessa vida - esta negou. “Depois que você entra nessa vida, não tem mais jeito. Fica nessa pro resto da vida. A gente não teve estudo, não consegue arranjar emprego. E depois que você acostuma a ganhar isso, não quer ganhar menos”, explica.
O outro duplo
Não são apenas elas que levam essa vida dupla, os homens que as procuram também. Em sua maioria casados e dentro de uma faixa de idade entre 40 e 50 anos, eles estão à procura de novas aventuras e criam as mentiras possíveisa para que a mulher e os filhos não descubram. Perguntando para cerca de dez garotas de programa, muitas desculpas se repetiam: “fiquei preso no trânsito”, “estou numa reunião de trabalho”, “meu pneu furou”, “já tô chegando”. Judy conta que, durante a semana, eles costumam procurá-la no horário do almoço e, nos finais de semana, o que mais ouve das conversas por celular é que vão ao supermercado, assistir a um jogo no bar ou levar o carro no lava-rápido.
Fátima, em uma esquina logo ao lado, nos contou com entusiasmo seu esquema. “Tenho um cliente que sabe que também sou diarista. Então, quando vou na casa dele, faço programa e faxina. Ele é lindo, tem uma noiva, mas ela raramente aparece por lá. Aí eu vou na casa dele: de manhã, faço um programinha e depois vou limpar a casa. Aí ele sai e quando é lá para umas cinco horas, tomo banho e ele está voltando... Quando eu estou para ir embora, já vestida, vou assanhar o homem lá no computador. Nisso ele já me deu 300 reais, 150 de cada coisa. E ele até diz: ‘ai, morena, não faz isso comigo, eu não tenho mais dinheiro para te pagar’, e eu respondo ‘não precisa, já está mais que pago’”.
Assim como este, muitos dos clientes acabam criando uma relação de afeto com as garotas de programa, o que só contribui para reforçar a vida dupla que levam. Aline, ou Grazi para a maioria dos clientes, conta que para os mais fieis, sente-se à vontade para dizer o nome verdadeiro. Segundo ela, muitos vão ao seu encontro porque querem conversar, querem companhia e carinho, além de sexo. Ela faz as contas: são ao menos seis. A ironia está no fato de a intimidade com as garotas de programa, a princípio meras desconhecidas, os deixarem mais à vontade do que dentro de casa, com a própria mulher.
Há também aqueles que vêem nesses encontros, a oportunidade para satisfazer seus desejos sexuais mais exóticos. Eles se soltam. Soltam suas fantasias. Revelam seus fetiches mais obscuros. “Tenho um cliente que é juiz, casado há muito tempo, de uns 50 e poucos anos. Ele é ‘o’ homem, um deus grego. Mas, quando ele entra no motel e tira a roupa social, tem um espartilho e traz um brinquedinho. É mais mulher do que nós mesmas”. Judy chama este tipo de cliente de “maricona” - todas as entrevistadas dizem haver muitos homens deste perfil. “Eles são homens normais, não têm voz afinada nem jeito delicado com as mãos. Mas são como uma caixinha de surpresa. Fala que é um pitbull, mas na verdade é Lassie. Fala que é coca-cola, mas é fanta”, respondeu Juliana quando perguntamos o que significava aquele termo. Ela contou que às vezes até se assusta. “Na hora que você vai ali fazer, ele já vira e pede: ‘você é que vai fazer’. Os que eles mais pedem são banho de gato [lamber o corpo todo], beijo grego [beijo “lá”] e, de acessórios, os comuns são vibrador, mortadela e pepino. “Se não tem, eles pedem alguma garrafa de cerveja no motel para usar, até colocam nossa roupa”, revela Judy.
Após conversar durante algumas tardes com diversas garotas de programa neste bairro da zona oeste, percebemos que tanto elas, quanto os homens que as procuram, guardam algum segredo. Seja a mãe que não quer que a filha saiba, seja a esposa que não quer que o marido saiba, seja o marido que não quer que a família descubra, seja o cara que quer ser dominado. Foi então que encontramos Lola Benvenutti.
Bem-vindo ao mundo de Lola
Ela ficou famosa após o site G1 publicar uma matéria a seu respeito. Seu nome verdadeiro é Gabriela Natália da Silva. Nascida em Pirassununga (SP), a jovem de 21 anos se mudou para São Carlos para estudar Letras na UFSCar. No último ano do curso, Gabriela começou a trabalhar como garota de programa, ao mesmo tempo em que dava aulas de redação em uma entidade chamada EJA (Educação de Jovens e Adultos). E resolvera montar um blog. É lá onde faz seu marketing, divulga seus contatos e escreve contos sobre seus encontros sexuais.
Com a propagação na mídia, choveram postagens pela internet e até entrevistas à grande imprensa, como nos programas de auditório “Agora É Tarde”, da Band, e “Superpop”, da Redetv!. Nessa leva, nos deparamos online com uma chamada interessante - e resolvemos correr atrás dela. Foi fácil encontrar seu telefone ou e-mail - eles estão estampados na primeira página do seu Blog. O difícil foi encontrar um horário na sua agenda lotada para que pudéssemos entrevistá-la. Enviamos um e-mail explicando a nossa proposta e ela foi bastante simpática. Felizmente, Gabriela estava se mudando para São Paulo. Ainda sem endereço fixo, nos recebeu em um hotel na rua Augusta, próximo à Avenida Paulista.
“Explodiu faz um mês”, ela disse no começo da conversa. Apesar do “boom” ter sido nas últimas semanas, Lola mantém o blog há mais de um ano, quando resolveu sair do anonimato - ou dar “um tapa na cara da sociedade”, como ela mesma considera. Se no começo preferia se reservar ao máximo, pensando no seu trabalho como professora e na própria segurança - até dizia aos clientes que estudava engenharia em vez de letras (“imagina se me dessem um ‘google’?”) -, quando Gabriela decidiu se tornar garota de programa integralmente, foi se encorajando a assumir a identidade. O primeiro passo foi romper os próprios receios, admitindo para si própria que seria melhor não mais se esconder nem temer ser descoberta. “Eu falei: ‘Agora é o momento, chega de viver com medo’”, nos contou. O passo seguinte foi oficializar a identidade de Lola. Manter um diário online sobre suas aventuras sexuais, além de divulgar o seu trabalho, significava defender seu ponto de vista e discutir o tabu do sexo. Descobriu depois que também era uma maneira de receber apoio, inclusive de mulheres, que viam nela uma amiga sem pudor.
Por fim, a parte mais difícil de todas: contar para a família. O irmão e a mãe foram os primeiros a saber. E a reação não foi boa. Nos planos de Gabriela, o pai seria o próximo, mas a mãe foi mais rápida. Após descobrirem a verdade, a família ficou abalada, como ela já esperava. “Eu amo a minha família. Eles não merecem isso. Eu não queria que eles se decepcionassem, mas foi uma decepção”, desabafou.
Depois de um tempo sem falar com a filha, o pai acabou passando por cima da situação. “A minha filha Gabriela vai ser sempre minha filha. Com essa outra eu não compactuo”, ela lembra as falas do pai ex-militar. Surpreendentemente, a reação dele foi melhor do que a esperada. “Ele foi um heroi, eu imagino como foi difícil pra ele”.
Entre familiares e amigos, seu nome é Gabriela. Já a Lola é a construção de um personagem. Ela ressalta algumas características que as diferenciam, mesmo admitindo que não há como separá-las totalmente. “Lola e Gabriela se confundem muito, têm vários pontos em comum. A Lola é mais um questão de como eu me posiciono no blog, a Gabriela usaria termos mais sutis. As duas são muito vaidosas. A Gabriela é mais fashionista, já a Lola é mais sexy. A Gabriela gosta de usar salto, mas a Lola sempre tem que usar salto”, diz. Como a Lola tem uma imagem construída publicamente, essas diferenças ficaram mais evidentes após ganhar visibilidade.
Foram várias as referências que a levaram à escolha do nome Lola Benvenutti. A primeira delas veio de um fotógrafo, dono de uma Harley Davidson - “bem no espírito de liberdade que eu queria para a minha vida” -, que fez o seu primeiro ensaio sensual e a chamava de Lola. Isso a fez lembrar do livro que lera ainda adolescente, Lolita, de Vladimir Nabokov, e da música Whatever Lola Wants, regravada por Sara Vaughan (I always get, what I aim for/And your heart and soul, is what I came for/Whatever Lola wants, Lola gets). Depois de adotar Lola, era a vez de encontrar um sobrenome. A ideia foi simples: buscar inspiração na internet e aquele que significa “bem-vindo” em italiano, pela brincadeira, foi o que mais lhe chamou a atenção.
O blog
Ao acessarmos o lolabenvenutti.blogspot.com.br, nos deparamos com um aviso na tela, alertando que o blog acessado poderia ter conteúdo adequado somente para adultos. Foi clicando na opção “estou ciente e quero continuar” que tivemos acesso aos inúmeros relatos da Lola com seus clientes, todos breves e bem-humorados. Uma das suas preocupações, no entanto, era não expor demais o cliente a ponto de ele ser identificado.
“Eu não posso falar da tatuagem, nem da banda que o cara é, ou se é jogador. Não tem como saber: eu só ponho se é loiro, moreno, cabeludo”, ela disse quando a perguntamos sobre como mantinha a discrição ao relatar o encontro com seus clientes. Algumas pessoas chegam a pedir para que ela não publique nada a respeito do encontro, muitas vezes por medo de se sentirem julgados.“Na verdade, eu não tô julgando, é uma brincadeira. Eu conto a minha visão do acontecimento”, relata. Houve um caso, em particular, em que o cliente, deficiente físico, achou que, mesmo com a maquiagem das palavras, era possível reconhecê-lo - e ela acabou retirando a publicação.
Há 64 posts, todos com espaço para comentários. A maioria deles são elogios e dúvidas, assim como os e-mails - algo que a deixa bastante orgulhosa -, mas também aparecem críticas. Como é ela quem gerencia quais deles podem ir ao ar, muitas vezes prefere apagar aqueles que denigrem a sua imagem. “Eu criei esse espaço para meus fãs - os ‘Lola Lovers’, como brinco. Se a pessoa quer me degenir, ela que crie o espaço dela. É fácil criticar quando se está anônimo”.
E isso não acontece apenas no blog. Ela nos contou sobre um episódio, que lhe causou prejuízo, além de desapontamento. Certa vez, saindo da academia, ela se deparou com seu carro, recém comprado, todo riscado. “Eu vi de longe escrito ‘puta’. Eu lembro que me deu até arrepio. Tava escrito: ‘sua vaca, sua puta, saiu com meu marido’”. Lola suspeitava que se tratava da esposa de um dos homens com quem estava saindo, que frequentava aquela academia e conversava pela internet. “Pelo anonimato, de novo, uma pessoa me feriu”, confessou.
Resolvemos, então, perguntar quais eram, para ela, os pontos positivos e negativos da quebra do anonimato.
“Como pontos positivos, um monte de gente que gosta de mim, me trata bem. Acordo e todo dia tem um monte de e-mail, mensagem carinhosa. Eu me sinto uma princesa. Poder falar sobre o que eu penso e ter pessoas que respeitam muito isso. A maioria das matérias que falaram sobre mim foram matérias muito legais, muito respeitosas. Ser valorizada pela minha escolha é muito legal. Do outro lado, a dificuldade da família, as pessoas me julgarem de uma maneira cruel e gratuita, e essa parte de às vezes você querer desligar o botão. Até trouxe uns chapéus pra cá. Às vezes você quer ser mais um no meio da multidão.”
Grazi, ou Aline para os íntimos
A negra de olhos verdes chamava a atenção numa esquina um tanto movimentada, em plena avenida. Com seus 20 anos e corpo de modelo - acentuado pelo vestido tomara-que-caia branco, curto e justíssimo -, ela é cara nova no pedaço. Sempre com um sorriso nos lábios e um olhar doce, aparenta estar se dando bem no negócio. Contou orgulhosa que acabou de sair da casa dos pais e comprou um apartamento de três cômodos. Não parece se importar com o fato de ainda cursar o 2º ano do Ensino Médio. Teve que parar os estudos após ficar grávida, há dois anos. Diante de todas as histórias contadas por ela, a mais interessante é a que envolve como decidiu se tornar prostituta. Diferentemente de tantos outros casos, o fator decisivo não foi a necessidade do dinheiro. “O pai da minha filha começou a me chamar de vagabunda, vagabunda, vagabunda... E um dia - eu não dependia dele, não queria mais nada com ele - resolvi bancar o papel”. Se foi orgulho, vingança ou qualquer outro motivo não nos ficou claro. Ela mal pode continuar a história, pois um cliente interessado acenava. “Voltem aqui mais tarde pra gente continuar a conversa”, nos disse. Voltamos dali uma hora e em outros dias da semana, mas nada da morena.
Judy e ponto final. “Não falo meu nome verdadeiro nem que me paguem!”
Loira tingida e cabelo alisado. Seu celular não para de tocar, e ela atende sempre simpática. Os números falam muito sobre ela: 28 anos, mãe desde os 14, garota de programa desde os 15, com um namorado há 13. Embora esta última informação deixe muitos boquiabertos, ela diz não ser raro exercer a profissão ao mesmo tempo em que estão em um relacionamento - há outras meninas na mesma situação. “Ele sabe de tudo, eu contei logo no início. E ele também tem os trabalhos dele. Eu geralmente comento as poucas e boas que passo”. Ela diz não dar motivos para ele ter ciúmes - eles são cúmplices, cada um na sua. “Teve cliente que já diz que me amava, que queria me bancar, mas eu disse: ‘não, meu amor’. Pra mim é só negócio”.
Cláudia: sexo, drogas e rock’n´roll
Cabelos castanhos compridos e lisos, olhos castanho claros, mas de uma desilusão profunda. Masca chiclete, veste camiseta do Metallica amarrada na cintura exibindo a barriga de fora e calça jeans apertada. Parece uma jovem rebele, mas tem 40 anos e dois filhos: o mais novo estuda para passar em medicina e a mais velha, já casada e “ganha 13 mil por mês”. “Ela já me ofereceu me bancar para eu parar com essa vida, mas eu não aceito não. Depois ela vai querer que eu faça tudo que ela queira”. Vive à moda sexo, drogas e rock’n’roll, com todas as suas consequências. “Não existe ex-alcóolatras, né? Mas eu estou tentando parar.” Refletindo sobre seus motivos naquelas esquinas, ela diz: “Elas [as prostituas] são todas mentirosas. Não acredito que as prostituas fazem porque gostam, não as de rua. Não tem glamour nenhum, não. Muitas meninas novinhas se iludem achando que vão encontrar alguém que vai sustentar elas, achando que é dinheiro fácil. Eu já sei como funciona. Depois que você entra nessa, não tem mais jeito. Vai continuar nessa pro resto da vida”. Cláudia se mostrou bastante fechada no começo da conversa. Mas foi se soltando. “Tá vendo. No fim, falei tudo sem você precisar me cobrar. Mas a gente aqui é assim, A gente é tudo carente”.
Fátima, a cinquentona ousada
Esse é seu segundo nome, e é o que usa para fazer os programas. O primeiro não revela. Morena, enxuta, peituda e sorridente. Estreou na profissão atual quando ainda era diarista, aos 34 anos. E um fato levou ao outro. Não pensava na possibilidade, até que começou a receber “convites” a caminho de casa. “Sempre que eu saía do serviço, às vezes encontrava um coroa na rua e ele convidava para tomar um ‘suquinho’. Suquinho, nada. E eu respondia: não, não posso. Sou casada.” Mas em um dia que estava precisando de dinheiro, a história ficou mais tentadora e resolveu aceitar. De lá foi um pulo para começar a exercer as duas profissões concomitantemente. “Eu adoro sexo e resolvi juntar o útil ao agradável. Eu gosto de fazer isso”, ela diz. Mas seu marido não sabe. “Vou encontrar com um dos meus clientes fixos daqui a pouco. Eu nem ia encontrar com ele hoje, porque meu marido tá de férias. Eu disse que tem que ser rápido. E ele sempre me deixa lá no meu ponto. Hoje ele não vai poder me deixar no meu bairro, porque meu marido tá de férias. Aí, ele vai ter que me deixar em algum ponto pra eu pegar meu ônibus. Aí ele falou: Não, eu não vou te empatar, mas eu quero ficar pelo menos uma meia hora com você”.