O Olimpo do Piauí
O caminho de um para-atleta teresinense do inferno ao pódio
Por Heloisa Brenha e Mariana Gianjoppe - Edição U-turn - dezembro de 2011
Angelo após terminar prova de triátlon, em Santos

Qualquer um diria que esta é uma história de superação. Pouco antes de completar 20 anos, prestes a começar o terceiro ano da faculdade, Angelo Borim teve o antebraço direito amputado em um acidente de carro. Passou três anos “batalhando muito e rendendo pouco” como nadador, até, em maio de 2010, estrear no triátlon, esporte que combina provas de natação, ciclismo e corrida de forma sequencial e ininterrupta. Um ano depois, Angelo foi vice-campeão mundial de paratriátlon e hoje treina para representar o Brasil nas Paraolimpíadas de 2016, quando o esporte estreará como modalidade oficial. Treinando pelo menos 24 horas por semana e vivendo com autonomia, totalmente bancando pelo esporte, Angelo, aos 25 anos, até hoje evita olhar para o braço mutilado. “Antes eu o chamava de coto, agora ele já é o bracinho”. Mas será que existe superação para o que é irreversível?

 


 Conteúdo:

Babilônia

Infância nômade

Primeira namorada

Ficha caindo

Vida de atleta

Rio 2016


 

Babilônia

Camisa laranja de manga curta com estampa tribal, bermudão preto e chinelo. O estilo é duvidoso, porém adequado ao ecletismo universitário da festa “Feira Moderna”, na Vila Madelana. O início do ano letivo de 2006 ia atrasar, mas Angelo não ia mudar a passagem. Não havia mais nada que fazer na Bahia, onde tomou um fora da amiga com quem passou as férias. O mar ficava ainda mais azul sob o sol baiano de Trancoso e o momento era infalível para perguntar: “Quer namorar comigo?”. “Ah... Não sei”. Ok, paciência, sem “piripaque”. Até porque para cada rejeição amorosa que “o Piauí” – como automaticamente ficou conhecido em São Paulo – sofria, havia uma legião de consolo e carinho na faculdade. Angelo era um dos oito homens ingressantes nas 50 vagas do curso de psicologia da PUC. “Era a Babilônia! Eu não estava nem fazendo psicologia, estava só paquerando as meninas, enchendo a cara e praticando esporte amadoramente, quando não estava de ressaca”. A atividade que praticava mais sistematicamente era corrida. Corria muito, sem olhar para trás. Também formava parte do time de futebol, menos por gosto que pela necessidade de “segurar o pinto no lugar”. Afinal, “depois de dois anos convivendo com tanta mulher, você acha que está menstruando já.” Ainda praticou tênis com afinco naquelas férias de janeiro de 2006, voltando a São Paulo com os braços torneados.

Ao chegar, ligou para dois primos paulistas, e o trio inaugurou aquela sexta-feira, dia 10 de fevereiro, na “Feira Moderna”. Depois de várias cervejas, os três resolvem ir para a casa noturna D-Edge, na Barra Funda, reduto clubber paulistano. Angelo chega ao balcão do bar iluminado pelos 200 retângulos de luz instalados nas paredes, no teto e no chão da boate. Três tequilas deixam sua expressão de seus olhos, semi-cerrados, meio alucinada. Numa parede luminosa, ele se engancha com uma mulher cujo nome é mais um dos detalhes que não consegue preencher no lapso de memória que o acompanha até a porta da boate. Sustentado pelos dois primos, um em cada braço, a sensação de bagaceira invade seu corpo, junto com a urgência de descansar. Vai no lugar do passageiro do Uno Mille do primo mais velho, que vai dirigindo; o mais novo, no banco de trás, ainda acordado.

O caminho mais lógico até a casa onde Angelo morava com a tia, na Vila Madalena, era pela avenida Sumaré. Mas ninguém recorda exatamente em qual via surgiu a caçamba. O primo no banco de trás gritou, Angelo reagiu antes do motorista, segurando com os dois braços o volante para girá-lo para o lado oposto. No que fez isso, sofreram o acidente. O clarão durou fração de segundo e, quando abriu os olhos, seu braço estava em cima de seu colo, preso ao corpo apenas por uma pelezinha. Estilhaços de vidro brilhavam de sangue. “É um pesadelo, vou acordar”. No segundo seguinte, de olhos bem abertos, começou a berrar.

“Muito pior que dor; era desespero”. Angelo estava completamente lúcido, consciente, com 100% de adrenalina, 100% de desesperação. Ninguém mais no carro se machucou, e mesmo ele não teve lesão alguma além daquela. O primo na direção usou a própria camiseta em uma atadura improvisada. “MAIS FORTE!” gritou, até sentir o sangue estancar ligeiramente sob o pano. Dirigiram correndo ao Hospital das Clínicas, onde um enfermeiro o colocou na maca e falou, quase de dentro do seu desmaio: “Você vai ter de ter coragem, rapaz, isto vai ser difícil.”

“Cola meu braço, pelo amor de Deus...”


Infância nômade

A concepção inadvertida de Angelo foi fruto das horas livres de um congresso de etologia em Florianópolis. O casal universitário estudava no Rio de Janeiro: ele paulista, aluno de zootecnia; ela piauiense, estudante de artes plásticas. Grávida, Elizabeth pegou um avião rumo à casa dos pais, em Teresina, resolvendo assim a indecisão Waldir, que correu atrás.

 

corridaO para-atleta treina para a prova de corrida no triátlon, de 10 km

 

 No dia 16 de fevereiro de 1986, enquanto o primeiro Plano Cruzado entrava em gestação sob o mandato interino de Sarney, Angelo rebentava seu primeiro choro no verão piauiense. A família fixa residência na fazenda do avô materno e, ano e meio depois, se avoluma com o nascimento de Fausto. Em 1989, Rachel se soma à prole Borim, que, um ano mais tarde, se muda para Avaré, no interior de São Paulo. Waldir inicia o sonhado negócio próprio em sua cidade natal. Angelo, sem saber, inicia a primeira etapa de sua infância nômade.

Em meados de 1993, a pequena Raquel é diagnosticada portadora de leucemia. Os cinco se mudaram a Campinas a fim de acompanhar as já frequentes quimioterapias e internações, pouco antes de os médicos constatarem a inutilidade do tratamento. Em seu raciocínio infantil, Angelo só percebia a doença da irmã quando o braço dela acumulava hematomas, provocados mesmo por impactos leves, ou quando lhe atendiam os caprichos. No mais, gostava de brincar com a irmã e a recorda como uma criança contente, ainda que às vezes envolta numa estranha aura de maturidade. Serena, Rachel pediu para que a família voltasse a Teresina, em 1997. Lá, faleceu na companhia de pais, irmãos e parentes maternos, aos oito anos de idade.

 

Primeira namorada

nadoAngelo se prepara para treino de natação na faculdade de Medicina da USP

 

“É difícil explicar, mas o Piauí é naturalmente mais caloroso. Não só pelo clima, que não tem quatro estações marcadas, só um grande verão. Mas também pelas pessoas, que têm uma espécie de inocência inata”.

Em meio ao calorão nordestino de seus 14 anos, Angelo ocupava as tardes praticando natação na piscina da escola em Teresina, um pouco distraído pelas coleguinhas. Uma em especial arrebatou de tal maneira o coração do nadador adolescente, que no caminho a uma competição em Belém, ele a pediu em namoro, para voltar remoendo o sonoro “não” na volta, durante 15 horas seguidas de ônibus.

Já em casa, sentiu os músculos começarem a se contrair numa estranha convulsão. Completamente paralisado, Angelo caiu no chão, presenciando de olhos abertos cada fibra do seu corpo retesar, desobedientes a qualquer ordem cerebral. “Esse foi o primeiro dos ‘pirapaques’ por que passei. Nunca consegui entender o que passou, mas era totalmente emocional. Os exames não mostravam nada estranho”.

Também não havia nenhuma alteração que desse a entender que a mãe de Angelo padecesse de algum problema de saúde naquela época. Apesar da dor de perder a filha, Elizabeth havia reorganizado a vida na capital piauiense, montou seu próprio ateliê e recebia parentes e amigos em recorrentes reuniões. Entretanto, em 2003, um ataque cardíaco fulmina Elizabeth no chão da cozinha, resignando a família Borim a três homens avulsos – Waldir, Angelo e Fausto.

Aos 17 anos, o primogênito sofreu o último “piripaque” ao desafiar o pai pela primeira vez. “QUER GANHAR NO GRITO, QUER? ENTÃO VAMOS VER QUEM VAI GANHAR NO GRITO!” – as palavras desencadearam a expressão atônita do pai e, imediatamente depois, o maior espasmo geral que Angelo já viveu.

No fim daquele 2003 obscuro, Waldir já não brigou com o filho. Quando este lhe perguntou se podia fazer faculdade em outro lugar, respondeu: “O céu é o limite.”

 

Ficha caindo

na provaAngelo prepara bicicleta antes de prova de triátlon


Em geral, o pós-operatório de uma cirurgia de amputação é menos complexo do que se supõe. Angelo só ficou na unidade de terapia intensiva no primeiro dia, depois passou quatro dias sob observação, num quarto normal. A transfusão de sangue é intensa, troca-se quase todo o volume corporal para manter o nível de cicatrização e normalizar a produção de hemoglobina, plaquetas e glóbulos brancos. Mas da madrugada de sábado em que o Piauí deu entrada no HC paulista até a o primeiro dia letivo da PUC, passaram-se apenas oito dias.

“Os primeiros quatro meses são um inferno mental. Você fica o dia inteiro pensando ‘e se eu tivesse feito isso, e se eu tivesse, e se...’. Eu falava para mim mesmo: ‘cala a boca, agora você não tem mais seu braço, lida com a realidade!’ Mas por mais que você afirme ‘eu quero lidar com o que tenho agora’, sua cabeça continua perguntando ‘e se, e se?...’”

Angelo ficou obcecado com a ideia de voltar à rotina normal. “Quando entrei na sala de aula pela primeira vez, estava usando uma tipoia, muito mais simbólica do que realmente necessária. A turma inteira parou e olhou. Havia um silêncio ao mesmo tempo de cumplicidade e de pesar.”

Mas a ficha ainda não havia caído. Começou a cair no dia em que ganhou a primeira prótese e decidiu andar de bicicleta pela cidade. Esgotado, tomando ciência da nova configuração do seu corpo, das novas limitações, Angelo senta na sarjeta e desata o maior pranto desde o hospital. “Não queria ninguém me adulando, passando a mão na cabeça. Deixa eu sofrer aqui, quero ficar um pouco só.”

 

Vida de atleta

torcidaRoberta aplaude Angelo chegando em quinto lugar na 4ª Etapa do Troféu Brasil de triátlon

 

“Ele vive do esporte, então a dedicação é exclusiva”, explica logo o treinador Hilton Lopes, enquanto Angelo dá as primeiras braçadas na piscina da Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz, em Pinheiros, em pleno feriado de finados.

A ligação de Angelo com aquela piscina data de 2004, quando chegou em São Paulo e começou a nadar ali, sem compromisso, somente pela dispersiva paixão pelo esporte. Além da natação, praticava mil modalidades antes do acidente – corrida de rua, vôlei, futebol, tênis – nenhuma levada muito a sério.

Lá conheceu Sergio Onha Marques, treinador da equipe de natação da Medicina. Pouco mais de seis meses depois de perder o braço, Angelo volta à AAAOC. Sergião o vê e, depois do inevitável “o que aconteceu?”, lhe aconselha sem a menor complacência: “cara, volta para a piscina que você vai se dar bem!”

Disse com tanta convicção, que Angelo caiu na água sem pensar duas vezes, iniciando o processo de “ir perdendo” seu braço, aceitando, percebendo a diferença. “Na água é muito bom porque, de fora, parece estranho um cara nadando sem um braço, mas na água, não é assim”. A piscina se tornou um refúgio, um objetivo, um estímulo, e, principalmente, um elo com a “normalidade” que ele buscava de volta. Transferia para ela uma vontade de superação ferina e, depois de quatro anos de muita dedicação, os resultados continuavam lhe frustrando, ainda mais treinando ao lado da equipe de natação da Medicina, sem um deficiente físico.

Por já correr e andar de bicicleta por conta própria, resolveu experimentar uma prova de triátlon. A competição, concebida como esporte nos anos 1970, é das que mais despendem esforço do organismo. Os atletas percorrem 1,5 quilômetro a nado, 40 quilômetros de ciclismo e 10 quilômetro de corrida, sem paradas. Mesmo sem treinos específicos, Angelo alcançou o oitavo tempo do mundo em sua categoria, a TRI4 (deficiência em membro superior).

A resolução em se focar na modalidade foi um divisor de águas em sua carreira como para-atleta. Poucos meses depois, em setembro de 2010, conquistou o quinto lugar no Mundial de Paratriátlon, em Budapeste, assessorado por seu primo mais velho. “Nós nunca conversamos sobre o acidente, nem lá. Mas não precisava, estávamos vivendo aquele re-encontro: ele foi meu handler, me ajudando nas transições da prova. Quando vieram os resultados, saímos para comemorar juntos.”

Os bons resultados lhe renderam os contratos de patrocínio que o mantêm financeiramente e incentivam a seguir treinando, mas o estímulo decisivo estava por vir. Em dezembro de 2010, anunciou-se a inclusão do triátlon como modalidade oficial nos Jogos Paraolímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

Foi o início do sonho olímpico de Angelo, que decidiu buscar um acompanhamento mais próximo e exclusivo para aumentar seu rendimento nos treinos e melhorar seu desempenho nas provas. Aí começou sua parceria com o treinador Hilton, do jeito que continua até hoje. Com uma intensificação da rotina de treinos e um calendário repleto de provas, ele chegou em setembro a seu resultado mais significativo até agora: o vice-campeonato mundial em Pequim, na China.

 

Rio 2016

bicicletaqAngelo treina ciclismo - circuito nas provas de triatlón é de 40 km


Angelo chega antes de Hilton ao local de treino naquele 2 de novembro. Entra com a sua bicicleta e é cumprimentado por todos. Não à toa, ele está ali todas as semanas, pelo menos quatro vezes.

Quarta-feira é dia do treino mais completo, que simula todas as etapas da prova de triátlon. Primero, ele prepara o local para pedalar. Pega o “rolo”, que prende a bicicleta e dá intensidade ao treino, e o amarra a um pano, para aumentar a exigência do exercício. Ele coloca a roupa de competições e, tendo feito tudo sozinho, aguarda a chegada do treinador.

Antes do início da primeira etapa do treino, uma sessão para soltar os músculos. As caretas de dor assustam, mas já fazem parte de sua rotina. Ao encerrar a ‘tortura’, Hilton lembra de entregar para Angelo um troféu conquistado dias antes na 4ª Etapa Troféu Brasil de triátlon, em Santos. “Só vai me interessar quando for pódio”, desdenha.

 

na prova 2Roberta acompanha a preparação do namorado para prova de triátlon em Santos


Na prova de Santos, quando correu na categoria short, de menor quilometragem, Angelo era o único deficiente. Completou o circuito triplo em uma hora, cinco minutos e cinco segundos, o quinto melhor tempo entre todos os competidores. A namorada, Roberta, o observa da praia. “Claro que existe uma diferença. No início, eu falava para ele não usar a fila preferencial, que ele tinha de pegar a fila mais longa, como todo mundo. Com o tempo, fui aceitando a diferença dele como penso que cada pessoa tem a sua. A do Angelo é aparente, visível, mas isso não o impede de fazer o que quer, de ser independente”.

Roberta se formou em psicologia na mesma época que Angelo. Já o conhecia da universidade, mas os dois eram de turmas diferentes e ficaram amigos só no último ano, quando coincidiram em algumas aulas. Deixaram os respectivos namorados para ficarem juntos, há mais de um ano. Estudando música em um conservatório no interior e dando aulas de canto, Roberta o acompanha quando pode nas provas de triátlon, invariavelmente realizadas no litoral e pela manhã. Para não desgastá-la, Angelo geralmente vai dirigindo. A prótese que usa para isso imita um braço perfeito, tem o seu tom de pele e faz uma pinça potente com o dedão, permitindo as troca de marchas.

 

carroPiauí dirigindo com prótese

 

Para ir aos treinos com Hilton, entretanto, Angelo prefere a bicicleta. Hora de ir para a água, nada receptiva na piscina aberta ao dia frio. Após o aquecimento, Angelo nada 800 metros – começa forte, estabiliza e depois termina forte, como na prova. A ordem das modalidades no triátlon balanceia o nível de esforço despendido por um atleta. Quanto maior a massa muscular envolvida no exercício, maior a frequência cardíaca e também a quantidade de energia gasta. Na natação, que vem em primeiro lugar, se usam os músculos dos membros inferiores e superiores. O treinador fica ao lado, supervisionando e anotando os tempos. Hilton acompanha Angelo apenas nas práticas de quarta e sábado, nos outros dias, passa uma planilha para o ele mesmo se controlar.

O desafio seguinte está no pedal: 30 minutos de um treino específico, com picos de intensidade. No ciclismo, apenas os membros inferiores trabalham e o atleta relaxa um pouco. Para finalizar, 20 minutos de corrida, alternando tiros com um ritmo mais leve, o que solicita novamente o esforço de uma grande massa muscular.

“Não vejo diferença alguma entre treinar um atleta e um para-atleta”, afirma Hilton. “Claro que temos que lidar com o desequilíbrio da falta de um membro, pensar em técnicas para compensar. Mas de resto, tem que fazer força igual”. Hilton começou com Angelo, mas agora já treina mais três para-atletas. Em um esporte ainda muito novo, ele tenta buscar mais talentos e incentivar mais praticantes, inclusive profissionais de outras modalidades já saturadas. Com a iminência dos Jogos Paraolímpicos no Brasil, ele pensa em montar uma seleção paulista de paratriátlon a médio prazo.

Para montar a seleção, no entanto, Hilton vê a necessidade de mais apoio e patrocínio, para que mais para-atletas possam viver só do esporte, como Angelo. A maioria ainda se divide entre o esporte e outro ofício, sem conseguir se sustentar apenas com o paratriátlon.

No mundial em Pequim, com a prata conquistada por Angelo, o Brasil totalizou um quadro de três medalhas. Mesmo assim, ainda há poucas competições nacionais destinadas exclusivamente a para-atletas. Na maioria das vezes, Angelo disputa provas convencionais de triatlón e compete no máximo contra mais um ou dois para-atletas, muitas vezes de outras categorias. Fora de São Paulo, os competidores ficam ainda mais dispersos.

Ainda assim, Angelo pedala e nada de quatro a cinco vezes por semana, corre, faz musculação e desenvolve um trabalho especial de biomecânica, no qual está “reaprendendo a correr” com uma prótese especial, que lhe dá mais equilíbrio. Esforço dobrado em relação a um atleta sem deficiência? Talvez. Mas Piauí provavelmente terá uma carreira muito mais longa e pode almejar o pódio olímpico, apesar de ter vivido a displicência dos tempos da Babilônia.“Eu gosto de ter tido o acidente na minha vida. Não vou dizer que eu gosto do acidente, ou que eu gosto de ter passado pelo acidente. Mas na minha história, ter essa marca foi importante para mim, para eu ser quem eu sou hoje. Eu estava indo por um caminho que uma hora teria que parar e reavaliar o que estava fazendo e talvez estivesse me sentindo muito perdido hoje. O acidente adiantou um processo na minha vida e provavelmente salvou minha carreira de atleta”.



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