O início, o fim e o meio da MTV
Ex-VJs contam histórias de suas participações no canal de música e entretenimento jovem e dizem como foi o fim da MTV Brasil
Por Ricardo Bomfim - Edição Sumiço - dezembro de 2013
Antigo prédio da MTV, o Edifício Victor Civita. Imagem: Ricardo Bomfim

Luiz saiu de casa em um dia comum de meados dos anos 90 para um galpão que ficava na região da Faria Lima. Ele estava cheio de esperança de promover sua banda em uma entrevista com um canal de TV aberta recém-criado e voltado ao entretenimento jovem. Ele achava que ia fechar um contrato com uma gravadora e que sua banda ia estourar nas paradas, mas acabou tendo uma surpresa quando ao final da gravação de sua entrevista, o diretor disse: “parabéns, você tá aprovado. Você vai ser VJ”.

Foto: arquivo pessoal

Thunderbird. Imagem: arquivo pessoal

Foi assim que Luiz Thunderbird, líder da banda punk, Os Devotos de Nossa Senhora Aparecida, entrou para a MTV Brasil, enganado pelos produtores da emissora. Ele mesmo narrou sua experiência, que se confunde com a história da própria emissora, para esta Babel. Thunder foi VJ de 1990 a 1994, voltou em 1996, saiu de novo em 1997 e voltou mais uma vez em 2011, quando ficou até o fim do canal, que deu seu derradeiro adeus às parabólicas no primeiro de outubro de 2013. Ele, como a maior parte dos outros VJs teve seu ápice de reconhecimento na frente das câmeras da MTV e agora procura novos projetos, também ligados à televisão.

Foi ele, aliás, que em 2003, colocou na MTV outro personagem desta reportagem. Rafael Losso, jovem curitibano que sonhava largar o curso de Direito e sair do ambiente conservador da cidade paranaense, quando ouviu falar do programa Caça-VJ. Assim como Thunderbird, ele também queria montar uma banda, uma de som alternativo, inspirado no Sonic Youth, grupo norte-americano de Noise Rock que ele admirava muito. Ele esperava que entrar na MTV facilitaria as coisas para levar em frente o projeto e apostou no concurso, muito embora sua única experiência anterior com comunicação não tenha sido um grande sucesso. “Eu tinha um programa de rádio de meia hora que eu era locatário na AM e que ninguém ouvia. Eu deixava o pessoal ligar ao vivo, aí ligava umas pessoas absolutamente nada a ver, mas a pessoa que mais me ligava mesmo era o meu pai”. O programa, obviamente, era musical, e Rafa comentava músicas de que gostava nele. Ele garante que foi isso que o ajudou a ter a fluência verbal necessária a seu futuro emprego.

Foto: arquivo pessoal

Rafael Losso. Imagem: arquivo pessoal

Rafa, então, arrumou as malas e veio a São Paulo participar do concurso, no qual foi aprovado diante dos olhos de milhares de espectadores da MTV. “Os critérios pra me escolher como VJ foram os mesmos de todos. Desde o Thunder ao PC Siqueira, mas a diferença é que o meu foi o primeiro ao vivo na televisão”, explicou Rafa, que foi selecionado pelo programa junto com Léo Madeira.

Na emissora, Rafa se tornou amigo da bela Carla Lamarca, VJ que apresentou o Disk MTV, programa de clipes do canal, e que, assim como Thunder, não decidiu ser VJ. “Viraram pra mim e disseram: “você pode ser boa nisso”, e eu acreditei. Não era um sonho meu. Trabalhava em uma marca de roupas, sempre gostei de música, acompanhava a MTV, mas não pensava em trabalhar lá, muito menos como VJ”. Para ela, foi a realização de um sonho entrar para a empresa, “Como se você fosse fã dos Rolling Stones e um dia o Mick Jagger te convidasse pra entrar na banda. Acho que essa é a sensação de todo mundo que começa a trabalhar na MTV”.

Foto: arquivo pessoal

Carla Lamarca. Imagem: arquivo pessoal

Dentro da MTV, histórias das mais absurdas ocorreram. Chuck Hipolitho, que foi produtor do “Piores Clipes do Mundo” e mais tarde VJ, apresentando programas como “Discoteca MTV”, garante que a visão que a maioria das pessoas tem dos estúdios da emissora como uma coisa totalmente alternativa, com VJ bebendo e usando drogas antes do programa é real. “Todo mundo fumava maconha o tempo todo. Tomar cerveja antes de gravar o programa era a coisa mais normal do mundo. O João Gordo chegava dois minutos antes de entrar ao vivo, ia pra escada de incêndio, fazia várias coisas e voltava pra entrar no ar. O cara já chegava virado. Era completamente tolerável. Ninguém se incomodava com isso”, lembrou.

Chuck explica que sua experiência mais significativa foi quando produziu os “Piores Clipes do Mundo”, apresentado por Marcos Mion, que segundo ele, era um programa que resgatava aquele espírito cru de anarquia da MTV do começo. “a galera falava que a MTV tinha virado uma coisa comercial, tinham mandado todos os VJs que eram realmente apaixonados por música embora, e contrataram talentos novos que eram só melhores em entretenimento. Então todo o resto da programação acabou ficando muito frouxa, muito “coxinha”, muito arrumadinha, muito querendo ser televisão. O “Piores Clipes”, dentro dessa programação, chamava atenção. Você assistia o programa e ficava preso, porque era só merda atrás de merda”.

Ele conta que o especial de Dia das Crianças do programa foi algo que realmente o marcou pelo inusitado da situação. “eu inventei de chamar os filhos de funcionários da MTV. Aí eu mandei um e-mail pra todo mundo no Mailing List da empresa: “tragam os filhos na gravação amanhã. A gente não vai dar comida, é só pela participação”. No que eu dei “enter”, em dois minutos recebi um e-mail da minha chefe falando: “meu, como assim? Primeiro que você não pode pôr criança no ar. Segundo, quem é que vai cuidar dessas crianças? Tá louco?” Eu nem tinha pensado nisso, mas daí eu já comecei a receber um monte de e-mails dos funcionários querendo trazer os filhos. Os funcionários que não eram ligados diretamente à programação musical eram super fãs do programa. Todo mundo trouxe o filho, cara. Aí, no dia seguinte, tinha 30 crianças dentro do estúdio fazendo uma bagunça fodida. Começaram a quebrar o cenário, e a gente deixou acontecer e o programa acabou saindo completamente fora do roteiro. Aquele básico, de segurança, que a gente tinha feito só pra poder conseguir gravar os eventos na hora certa. O programa ficou animal, cara. Acho que foi o mais insano de todos”.

A sua esposa, a também ex-VJ Gaía Passarelli, também contou alguns episódios que a marcaram muito em sua experiência na MTV. Entre outras coisas, ela lembra que uma de suas primeiras entrevistas foi com a banda indie britância de sonoridade retrô, Yuck, da qual ela gostava muito. Gaía conta que os astros praticamente se transformavam quando as câmeras eram ligadas: “fora da câmera, os caras eram uns fofinhos, gente muito jovem, de vinte e poucos anos. Sei que ligou a câmera, os caras olhavam pro teto, coçavam a unha, derrubavam todas as minhas perguntas. E eu fiquei: “caralho, o que tá acontecendo com essas pessoas?” Aí, fiz o que eu tinha que fazer. Acabou a entrevista e eles disseram: “ah, que legal!” Eu pensei: “eles são bipolares?” Depois eu entendi que é uma parte do jogo. Eles são uma banda indie, eles tem que fingir que não gostam da MTV, embora tenham ido lá de livre e espontânea vontade”. Ela também lembra que viu o Yuck novamente quando cobriu o Pitchfork Music Festival de 2011. Na época, ela fizera várias entrevistas, mas nem pensou em entrevistar a banda, até que o assessor do Yuck a chamou pra falar com os roqueiros. “Eu: cara, não, né? E ele falou: “não, mas por quê?” E eu: “os caras trataram a gente mal pra caralho um ano atrás”. Aí eles vieram: “ah, foi mal, não fizemos de propósito”. Aí, tá legal. Mas, de novo. Ligou a câmera e eles fecharam a cara! Mas daí eu tirei uma onda com eles do tipo, “olha, vocês estão fazendo de novo!” Você tem que entender que isso é coisa do artista, não é pessoal com você”.

Gaía Passareli e Chuch Hipólitho. Imagem: Rafael Roncato

Ela ainda passou por outra situação, no mínimo um pouco embaraçosa quando foi pautada para entrevistar o maior astro do Rock dos anos 2000, o líder dos Strokes, Julian Casablancas, conhecido por desancar jornalistas e até abandonar entrevistas no meio. Seu perfil para a revista Rolling Stone, em novembro de 2003, época em que a banda lançava o seu segundo álbum, “Room on Fire”, é uma pérola do jornalismo moderno por momentos como o vocalista sentando no colo do jornalista Neil Strauss para lhe beijar “sete vezes no pescoço”, além de três vezes na boca, e depois abandonar a entrevista em uma cadeira de rodas que alguém largara na rua. Isso depois de desligar o gravador do repórter e mandá-lo se foder.

Gaía, ciente dos fatos acima citados, estava nervosa, e quis relaxar tomando rum durante a entrevista. O que ela não sabia era que Casablancas estava abstêmio há cinco anos devido a problemas causados por seu conhecido alcoolismo. Ela avisa que, no entanto, tudo correu bem e que Julian portou-se elegantemente, o que não impede que ela até hoje sinta um certo remorso pela atitude “grosseira”, segundo palavras da própria.

Primeiro clipe e relacionamentos

Em 20 de outubro de 1990, às 14 horas, foi ao ar o primeiro videoclipe da MTV Brasil. Foi a versão de Marina Lima de “Garota de Ipanema”. Com os cabelos amarrados sobre a cabeça num estranho coque e usando uma regata verde, a ex-VJ, Cuca Lazarotto, com apenas 20 anos de idade, entrou para a história da comunicação brasileira ao apresentar o primeiro clipe da emissora.

Cuca Lazzaroto

Cuca Lazzaroto. Imagem: arquivo pessoal

Assim como Carla Lamarca, que foi uma de suas sucessoras no Disk MTV, Cuca foi modelo antes de ser VJ, tendo recebido o contato de seu produtor quando ainda estava no Japão. A musa conta que passou no teste da MTV na mesma época em que foi chamada para ser atriz na novela das 8, da Rede Globo, mas preferiu ficar no recém criado canal: “foi uma escolha correta, porque eu pude trabalhar na frente da câmera fazendo o que eu gosto que é ser eu mesma e não um personagem”.

Cuca fez parte da grande família que foram os primeiros VJs da emissora. Thunderbird, que é considerado unanimemente entre os VJs entrevistados como o grande VJ da MTV e a pessoa que encarnou completamente o que foi o canal, conta que por trabalharem muito todo dia, aquela geração acabou ficando muito unida. “Aprendemos as coisas juntos, íamos pra festa juntos, íamos na casa um do outro juntos, fizemos terapia juntos. Foram quatro anos de convívio diário como irmãos . Nos quatro primeiros anos era mais fácil criar esse clima de família, de comunidade. Porque a gente trabalhava muito, todos os dias, exaustivamente. Mas também foi sorte, por serem pessoas legais”.

Já Rafael Losso, que viveu a MTV do começo do século XXI, experienciou um relacionamento diferente entre os VJs. Para ele, havia um preconceito entre os VJs mais velhos para com os mais novos. “a média de idade dos VJs era de 35 anos, o João Gordo tinha quase 40 anos já. Eu entrei com 25, então tinha uma diferença de idade grande. Eu senti que rolou um preconceito por eu ser mais novo. Todo mundo que entra na MTV com a mesma idade que eu sofre um preconceito simplesmente por ser mais novo”. Ele diz que acabou ficando mais amigo das pessoas da produção, que atuavam por trás das câmeras do que dos apresentadores.

Chuck admitiu que teve preconceito com os VJs que vieram depois de 1997, mas este não tinha a ver com a idade (até porque ele tinha pouco mais de 20 anos quando entrou), e sim com a diferença de perfil entre os apresentadores da velha guarda e os contratados no final da década de 1990. “Eu tinha um pouco de preconceito com os novos VJs. Eu pensava: “Como é que a MTV contrata o Marcos Mion? Como é que a MTV contrata a Didi?”. Depois todo mundo ficou amigo, mas a Didi, meu, eu tive que contar pra ela quem eram os Ramones. Até hoje, a gente ia cobrir o SWU, era o estande da MTV na lama e o estande do Multishow num lugar um pouquinho mais glamouroso. Eu chegava, descia da van, e a primeira coisa que eu fazia era sentar com a Didi pra falar pra ela quem é o Phil Anselmo, quem é o Megadeth, porque ela ia entrevistar essas pessoas e o Multishow não tinha nem passado uma pauta pra ela. Então eu sentava e explicava pra ela: “Pô Didi, você vai conversar com o Phil Anselmo, ele é o vocalista do Pantera, você vai ter quanto tempo com ele? Três minutos? Então pergunta isso e isso e isso. Não entra em nenhum outro assunto”. Aqueles outros VJs antes dessa galera entrar, o Gastão, essa rapaziada... você não tem que falar nada pra eles, os caras te ensinam”.

O começo do fim

Quase todos os VJs que viveram os últimos anos da MTV qualificam o encerramento da emissora como uma tragédia anunciada. Tanto pelos boatos que surgiam na imprensa, e que a partir de determinado momento pararam de ser desmentidos, quanto pelas demissões que ocorriam sem que houvesse reposição de pessoal.

Gaía Passareli diz que foi triste acompanhar os momentos finais de exibição do canal e o esvaziamento do edifício Victor Civita. “Os últimos três meses foram muito difíceis. Ver o prédio vazio foi muito foda. Aquela coisa engraçada de você chamar o elevador e ele já estar no andar, uma coisa que não acontecia nunca. Você desceu do elevador, fez a reunião, voltou e o elevador ainda tá lá parado, é porque, meu, não tem ninguém aqui”.

Apesar disso, os VJs notaram que essa MTV do final teve elementos resgataram, ainda que muito tardiamente o que ela fora no começo. Thunder acredita que foi extremamente positiva a sua última passagem pelo canal. “Este último retorno à MTV foi pra falar de música, e isso foi bom. Eu fiz o “Para gostar de música”, eu fiz o “Furo”. O “Furo” é gostoso de fazer, eu adorava fazer o “Furo”. Então essa última passagem foi muito legal, eu gostei muito de estar aqui”.

Chuck e Gaía apresentaram um programa sintomático desse espírito de anarquia que podia retornar ao canal em doses homeopáticas por conta da proximidade do fim. O “Outra Parada”, era um programa semanal em que os dois apresentavam um Top 10 de videoclipes escolhidos pelos telespectadores. Só com a única diferença de que os telespectadores não escolhiam nada. “Só a gente sabia que os clipes não eram votados. Não tinha nem plataforma na internet de votação, nem ninguém pra tomar conta disso. Isso porque não tinha mais ninguém mesmo, todo mundo já tinha sido mandado embora. Então a gente inventava que era uma votação”, relatou Chuck, que ainda estendeu a revelação a outros programas mais carimbados do canal, “o Disk MTV e o Top Dez... boa parte da história da MTV é meio fake. Nunca foi uma coisa seguindo a risca o que tá sendo votado. Foi de tanto deixar as coisas nas mãos da audiência que uma hora o Restart era a maior banda da MTV, ganhando todos os prêmios. Então as coisas eram um pouquinho manipuladas”.

Foi nesse clima de despojamento que aconteceram as duas despedidas do canal, a primeira tendo sido em um programa ao vivo que juntou todos os VJs e que foi ao ar às 18h do dia 26 de setembro, acabando somente à meia noite, e que tanto Chuck, relativamente mais moço, quanto Cuca Lazarotto, que praticamente abriu o canal em 1990, classificaram usando a mesma expressão: “uma puta zona”. Gaía fez um relato impagável do que aconteceu naquela noite: “na despedida ao vivo, na quinta-feira, a gente não tava mais tão nervoso, aí foi: "vamos tomar ácido, vamos beber”, bebemos ao vivo. Foi muito relaxado, muito legal. Tinha fã dentro do prédio. E num determinado momento já tinha fã subindo as escadas. Aí a gente ficou: “como essas pessoas chegaram aqui?” . O Zico [Góes, diretor da MTV Brasil de 2011 até o fim] teve que expulsar as pessoas pessoalmente. O corpo de bombeiros foi chamado para interditar o prédio por questões de segurança. A escada de incêndio não podia ser usada. Não tinha saída de emergência. Eu subi o elevador com o cover do Elvis, achei o Chuck conversando com um cara que parecia o Kurt Cobain e descobri que ele era mesmo cover do Kurt Cobain, foi muito louco”.

Depois disso foi a vez de decidir qual seria a última coisa a ir ao ar. Cuca, que apresentou o primeiro videoclipe também apresentou o último, do qual participou da escolha. “Foi muito emocionante gravar e assistir no ar. E foi muito louco também porque você pensa: "e que clipe é esse?" "Que clipe é esse que tem o poder de resumir esses 23 anos". E na minha cabeça, eu só conseguia pensar em "Maracatu Atômico". Aí quando a gente foi conversar eu perguntei: "e aí? Que clipe vai ser?". Aí eles falaram que tinham dois clipes na cabeça, “Maracatu Atômico” e um clipe tirado do acústico do Roberto Carlos que nunca foi ao ar. Isso porque o Roberto Carlos pediu pra gravar no acústico. A MTV gravou e foi um grande investimento. Cabeças rolaram depois e a Globo falou: "não, não vai exibir”. Não liberaram. Aí foi lançado o DVD acústico do Roberto Carlos, mas TV nunca foi exibido, e é óbvio que a MTV não tinha permissão pra exibir aquele clipe ali no final, mas rolou uma possibilidade de rebeldia. Tipo, foda-se, vamos passar esse clipe. Mas no fim não foi, e eu fiquei feliz, porque eu não acho que seria o clipe ideal que representasse esses 23 anos de MTV. O que, minha gente? "Tantas Emoções"?”.

O Fim

Chuck Hipolitho e Gaía Passarelli estavam de pijama no quarto, vendo qualquer coisa que não MTV naquela noite de 30 de setembro. Os dois ignoravam as mensagens que chegavam pedindo para que viessem ao edifício Victor Civita para assistir ao fim da emissora que os empregou durante tanto tempo. Até que receberam uma mensagem SMS de ninguém menos que Luiz Thunderbird, dizendo: “Sejam razoáveis e venham para cá agora”. Eles foram.

Junto com uma equipe de produção, outros VJs e funcionários da empresa, eles comeram pizza da padaria Real, outrora povoada por tietes sedentos por autógrafos de seus apresentadores favoritos. Às 22 horas, se surpreenderam quando os logins e as contas de e-mail de todos que ali estavam foram desligadas. À meia noite, viram nas televisões da empresa, Cuca Lazarotto chamar o último clipe da programação e Astrid Fontenelle dar adeus aos telespectadores, da mesma forma como tinha se apresentado a eles em 1990. As televisões ficaram subitamente pretas. Depois de aproximadamente dois minutos, começa a aparecer a programação da TV Ideal, canal da editora Abril.

Foto: Ricardo Bomfim

Dez minutos se foram até que os antigos funcionários e os agora eternos ex-VJs passassem desligando as TVs. Os ex-funcionários da exibição, antes escondidos por uma função técnica e uma sala separada, desceram para tomar cerveja com o restante das pessoas. Muitos vendo cara a cara pela primeira vez aqueles cujos rostos só entraram em nossas casas durante 23 anos por sua causa.

Então subiram todos para a antena do prédio. Muitos fumando. Alguns bêbados. O ex-diretor Zico Góes chorava. Thunderbird fumava e a fumaça de seu cigarro subia onde outrora o sinal da MTV Brasil era transmitido em ondas até um satélite. Naquele momento sumia a MTV como ela foi conhecida por duas décadas. Naquele momento o futuro começava para todos que fizeram parte da história do primeiro canal segmentado jovem e sobre música que já passou na TV aberta brasileira.



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